Citizen Kane


quinta-feira, outubro 21, 2004

O "Despertar da Mente", realizado por Michel Gondry e com argumento de Charlie Kaufman, gira, apesar de todas as suas brincadeiras estílisticas e conceptuais, em torno de um dos temas mais antigos da história do cinema: o amor. Mas em vez de abordarem esta temática de uma forma convencional, Gondry e Kaufman utilizaram todo o seu virtuosismo para transmitirem ao espectador o amor como potência, como força irracional que varre tudo à sua frente e que tem pouco de evitável, ou de controlável. É claro que a grande originalidade do filme reside na sua matriz conceptual, que nos mostra esta história de amor através das memórias de Joel (Jim Carey) à medida que este se vai arrependendo de ter mandado apagar todos os vestígios de Clementine (Kate Winslet) da sua mente. Mas é precisamente nesta matriz conceptual que reside o grande impacto do filme: ao acompanharmos Joel na sua viagem pela sua própria mente ganhamos acesso à complexidade intrínsica à condição humana e somos expostos, graças à mestria dos seus intervenientes, a essa força poderosíssima que é o amor. Há muitos mais pormenores que tornam este filme uma obra prima, desde as excelentes interpretações dos protagonistas até à mestria visual de Michel Gondry, que traduz na perfeição as tendências surrealistas contidas no argumento de Kaufman, mas o mais maravilhoso neste filme é mesmo a forma como o amor e toda a condição humana são explorados de uma forma brilhantemente original. É bom saber que ainda existe espaço para a creatividade e a inteligência no género das comédias românticas.

Quero ser crítico gastronómico Posted At 21:27 |